

Atualmente existe uma discrepância entre pregação e profundidade no estudo. Parece que cada vez mais os que são considerados bons comunicadores se distanciam da teologia bíblica saudável. Da mesma forma, os que possuem qualidade na profundidade das Escrituras carecem de uma boa comunicação para tornar suas mensagens atrativas e entendidas ao povo de Deus. Como podemos chegar num equilíbrio saudável entre profundidade e clareza na exposição?
O pregador ou expositor da Bíblia deve possuir uma biblioteca básica para seus estudos e preparo de suas mensagens. Naturalmente, isso leva tempo. É importante que o pregador se prepare, o melhor que puder, para adquirir comentários bíblicos, livros de introdução bíblica e outras modalidades para cada vez mais mergulhar dentro do texto bíblico e crescer no ministério da Palavra.
Entre os livros de referência na biblioteca de um ministro de Deus é importante dar atenção aos comentários. Os comentários bíblicos não são a verdade. São opiniões e pontos de vistas sobre ela. Você deve ler os comentaristas como amigos que conversam após um jogo de futebol para comentar a partida. Tem coisas que você concorda, outras não. Na maioria das vezes, é melhor consultar um comentário depois que já tenha uma opinião mais ou menos formada sobre um texto ou livro bíblico.
Os comentários que mais se destacam são as séries: Hermeneia, Anchor Bible e International Critical Commentay (ICC). Estas séries são muito caras e, sem dúvida, seriam um grande presente para um pastor-pregador. Atualmente, a maioria das grandes séries, como estas que citei, já existem em versões digitais e em cd-rom para serem usadas num laptop ou tablet. Em português, sugiro: comentário bíblico vida nova, comentário NVI, São Jerônimo, série cultura bíblica, ABU, Loyola e comentário bíblico latino-americano. Também temos alguns comentários de autores publicados em avulsos, não como uma série, por editoras que zelam pelo estudo da Palavra e valorizam o trabalho deste ou daquele intérprete. Ainda temos alguns comentários homiléticos, frutos de pregações expositivas de grandes intérpretes e pastores: Martin Lloyd Jones, Waren Wiersbe, Hernande Dias Lopes, João Calvino, John Stott.

Um bom pregador deve também aprender com um bom pregador; deve ouvir bons pregadores e ler sermões de quem é admirado nesta área. Pessoalmente, acredito que devemos unir as duas coisas. Pois, a exegese está a serviço da pregação. Lendo bons exegetas e estudando bons sermões você vai aperfeiçoar seu olhar "clínico" na arte de expor a Bíblia com profundidade de conteúdo e clareza de comunicação.
Lendo bons exegetas você aperfeiçoa seu "bisturi" de interpretação bíblica para descobrir as verdades eternas. Lendo e ouvindo bons sermões você aprimora suas afeições e práticas homiléticas para proclamar as bênçãos celestiais.
Mesmo assim, ao escolher seus modelos, tenha cautela. Cautela com os exegetas. Nem todos os melhores exegetas são especialistas na Bíblia toda. É bom escolher entre um ou dois que tenham especialidades exegéticas diferentes. É bom conhecer um ou dois bons teológos de Antigo e outros de Novo Testamento.


Alguns excelentes teólogos são enfadonhos em suas preleções. Alguns pregadores poderosamente eloquentes são superficiais em teologia, ilustrações e aplicações. Quisera Deus que todos sejamos eloquentes e veracíveis na exposição; profundos, mas sem perder a simplicidade; claros, mas sem entrar na onda dos comunicadores das modas "gospels".



Como pregador seja um disciplinado estudioso da Bíblia; como exegeta e estudioso, não dispense o aprendizado que vem da oração, da comunhão com os santos e do serviço abnegado em nome de Jesus. Mas em ambos, nunca deixe de aplicar as verdades eternas em sua própria vida e, ao se envolver com as pessoas e aplicar-se em seu ministério, em apresentar-lhes com fidelidade a Palavra de Deus.