Como se configura a liderança de uma igreja local,
segundo a Bíblia? Qual a diferença entre os oficiais e líderes de uma igreja?
A liderança no Novo Testamento era diversificada e,
segundo Gene Getz, passou por duas fases de desenvolvimento. A primeira era
composta por apóstolos e profetas, como Pedro e Ágabo. A segunda fase
demonstrou que a igreja estava melhor organizada e dispunha de dois cargos
oficiais, pastores e diáconos. O comum nestas duas fases era a atuação vibrante
da igreja por meio do ministério pessoal de cada crente.
Os termos bíblicos para liderança eclesiástica
variam, mas se dividem em dois ofícios, o pastoral e o diaconal. Em linhas
gerais, discute-se se as palavras bispo, presbítero e pastor eram termos que
designavam ofícios diferentes ou termos sinônimos para a mesma função.
Em Fp 1.1, Paulo reconhece a presença de bispos,
que literalmente significa supervisores, e diáconos na liderança da igreja. Em
outras palavras, pastores ou supervisores e diáconos compõe a liderança
ordenada de uma igreja local segundo a Bíblia.
A Bíblia, portanto, testemunha e encoraja a
presença de oficiais na dinâmica de uma igreja desde os primeiro séculos. Não
reconhece, pois, a partir desta segunda fase observada por Getz, a presença de
apóstolos ou profetas como oficiais da igreja; apenas como sendo os dons de
plantar igrejas (apostolado) e o de pregar (profecia).
Por isso, os oficiais que a igreja batista reconhece
são os pastores e os diáconos. Eles são líderes chamados por Deus e autorizados
pela igreja local a exercer sua liderança junto ao povo de Cristo. Tanto
pastores quanto diáconos devem exercer suas funções de acordo com qualificações
descritas claramente em 1Tm 3.1ss.
Os pastores têm a função de apascentar o rebanho. A
imagem do pastor é uma metáfora do Antigo Testamento vinculada ao trabalhador
que cuidava de ovelhas e foi aplicada aos líderes da nação de Israel. Chegando
ao Novo Testamento, a imagem do pastor foi aplicada aos supervisores das
igrejas locais, isto é, aos líderes representativos das primeiras comunidades
cristãs.
O pastor é quem cuida do rebanho, devendo priorizar
o ministério da palavra (pregação e ensino) e da oração como base para sua
influencia entre os demais, segundo At 6.4. Em outras palavras, ele deve
ensinar a sã doutrina, refutar as heresias, expor fielmente a Palavra de Deus e
dirigir a igreja local com os preceitos bíblicos.
Os pastores devem ser respeitados pela igreja local
(1Ts 5.12,13); devem ser obedecidos (Hb 13.17); devem ser honrados e abençoados
pela igreja (1Tm 5.17); eles são dignos de credibilidade, a menos que
testemunhas confiáveis possam confrontar seus erros em amor (1Tm 5.19).
Quanto aos diáconos, eles também devem estar
qualificados para exercer o ofício. O ministério diaconal tem início em Atos
6.1-7, quando a igreja de Jerusalém experimentou crescimento numérico e
precisava atender às demandas e necessidades das pessoas, auxiliando os
apóstolos. Estevão, o primeiro mártir cristão, e Filipe, que pregou ao etíope,
eram diáconos dentre outros apresentados pelo Novo Testamento.
O significado da palavra diácono é literalmente servo. A palavra indica duas verdades. A
primeira, significa que qualquer pessoa que serve ao Senhor é um diácono, sendo
Jesus o modelo de servo-diaconal (Rm 15.8). Jesus é o modelo e a base para todo
e qualquer serviço na igreja.
A segunda verdade, porém, é que a palavra diácono também
assume um sentido específico, vinculado àquelas pessoas escolhidas para servirem
na igreja local em áreas ministeriais de relevância para toda a igreja. São
auxiliares dos pastores na condução e disciplina do povo de Deus.
Para ser diácono é preciso estar dentro das
qualificações estipuladas pela Bíblia em At 6.3 e 1Tm 3.8-12.
A diferença básica entre o trabalho dos pastores e
dos diáconos é a demanda contextual. O ministério dos pastores é supracultural,
ou seja, independente do contexto, a igreja sempre precisará ser pastoreada,
ensinada e liderada por homens de Deus. Por outro lado, o ministério dos
diáconos deve ser efetivo ao suprir as necessidades de determinado contexto,
que variam de um lugar para outro.
As igrejas devem seguir o modelo bíblico para
nomear seus oficiais. Em 1Timóteo 3.1-12, Paulo deixa bem claro quais devem ser
as credenciais de um pastor e de um diácono. Os pastores e diáconos que
seguirem essas orientações bíblicas e permitirem ser moldados por tais valores,
certamente terão um ministério frutífero e que honra ao Senhor.
A autoridade que Jesus outorga aos oficiais da sua
Igreja é para amar, servir e dirigir o seu povo, sempre sob direção bíblica e
intimidade com Deus. Pedro esclarece isso reiterando que a autoridade
eclesiástica é para servir e não para escravizar, dominar ou manipular as
pessoas (1Pe 5.2,3). Os que assim o fazem podem ser severamente advertidos: “Ai
dos pastores que destroem e dispersam as ovelhas do meu pasto, diz o Senhor”
(Jr 23.1).
Os oficiais da igreja local, isto é, os pastores e
diáconos devem inspirar pessoas sob seu cuidado e orientação para que se cumpra
a profecia de Jr 3.15.
Finalmente, o ensino sobre os
oficiais de uma igreja cristã se aplica em que a salvação deve redundar em
santidade e serviço; todos os salvos possuem pelo menos um dom para servir;
servir é um privilégio; alguns são chamados para servir como oficiais ordenados
da igreja; os oficiais da igreja podem ser pastores ou diáconos; esses ofícios existem
para auxiliar a igreja a cumprir sua missão com excelência e alegria.