Porque não me
envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para salvação de todo
aquele que crê; primeiro do judeu, e também do grego. Romanos 1:16.
Anteriormente, definimos que evangélico é todo aquele que
crê, defende, propaga e vive o Evangelho de Jesus. Nem todos aqueles cristãos
que não são católicos podem realmente ser considerados evangélicos. A resposta
à pergunta o que é o Evangelho se torna imprescindivel para localizarmos os
evangélicos de fato e de direito do nosso tempo.
Para conceitualizar Evangelho devemos procurar os parâmetros
bíblicos do que é o Evangelho. Em outras palavras, o que e como a Bíblia apresenta
o Evangelho de Deus; quais são os parâmetros do Novo Testamento para nos
aproximarmos do verdadeiro, único e real Evangelho.
Em primeiro lugar, vamos identificar alguns falsos
evangelhos da atualidade. Em segundo lugar, vamos em busca de um referencial
bíblico para nos explicar o que é o Evangelho.
Mark Dever em Nove Marcas de uma Igreja Saudável vai
contribuir com nossa investigação inicial sobre falsas concepções:
· Deus quer nos
tornar ricos, o evangelho da prosperidade;
· Deus é amor e
todos vão para o céu, o evangelho do universalismo;
· Devemos viver
corretamente, o evangelho da religião moralista;
· Jesus veio apenas
para transformar a sociedade, o evangelho transformacionalista;
· Jesus veio
exclusivamente para salvar os pobres da opressão do sistema, o evangelho da
libertação;
· A igreja vive de
revelações do future e palavras de supostos profetas, o evangelho do misticismo
e do culto à celebridade;
O Evangelho de Cristo de uma forma ou de outra pode incluir
alguns destes assuntos, não necessariamente em sua forma pura como seus evangelistas
afirmam. Porém, é certo que nenhum destes evangelhos citados acima são em sua
essencia o mesmo apresentado por Jesus Cristo e seus apóstolos.
Creio que a carta de Paulo a Roma é uma das bases para
encontrarmos uma explicação clara do que é o Evangelho. Principalmente os
capítulos 1 a 4. Diferente de muitos supostos evangélicos de hoje, em sua carta
aos romanos Paulo não queria que eles soubessem mais se ele pregava bem, se
vestia-se bem ou se citava versículos de cor. Ele queria que os irmãos de Roma
o conhecessem por sua mensagem. Sua mensagem era o Evangelho de Cristo Jesus.
Paulo começa ensinando que as pessoas são responsáveis
diante de Deus. “Portanto, a ira de Deus é revelada do céu contra toda
impiedade e injustiça dos homens que suprimem a verdade pela injustiça, pois o
que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes
manifestou” (Rm 1.18).
Em seguida, ele afirma que o problema central da humanidade
chama-se pecado. “[…] e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas
segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e
répteis. Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos
pecaminosos dos seus corações, para a degradação dos seus corpos entre si.
Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres
criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém” (Rm 1.23).
Paulo argumenta a responsabilidade humana e o problema do
pecado originado pelo mau uso da liberdade de Adão e Eva no Éden –
consequentemente e potencialmente toda a humanidade com eles – com a finalidade
de nos introduzir no que podemos chamar de a boa notícia, literalmente, o
Evangelho. A solução para o pecado humano é a morte sacrificial de Jesus Cristo
e sua ressurreição corporea ao terceiro dia. Paulo vai fixar como o evento
central da história da humanidade a obra redentora de Cristo na cruz e sua
ressurreição. Romanos 3.21 é sua base para apresentar a boa notícia para todos
nós: “Mas agora se manifestou uma justiça que provém de Deus, independente da
lei, da qual testemunham a Lei e os Profetas, justiça de Deus mediante a fé em
Jesus Cristo para todos os que crêem. Não há distinção, pois todos pecaram e
estão destituídos da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente por sua
graça, por meio da redenção que há em Cristo Jesus”.
Finalmente, Paulo vai ensinar seus leitores e todos nós como
podemos ser incluídos nesta solução de Deus para o pecado por meio do
arrependimento e fé em Cristo. Romanos 3.22 e 4.5 fazem eco com Marcos 1.15:
por meio do arrependimento e da fé em Jesus a obra vicária de Cristo é aplicada
em nossa vida.
Como podemos saber se tal grupo ou evangelista é realmente
evangélico: poderemos identificar no cerne de sua vida e mensagem o Evangelho
tal como nos é apresentado na Bíblia. Em outras palavras, toda e qualquer
definição do Evangelho de Cristo deve passar nos seguintes critérios, isto é,
deve constar tais convicções básicas:
· Se todos somos
criaturas de Deus e, em Adão fizemos mal uso de nossa responsabilidade diante
do Criador;
· Se por causa deste
mau uso da liberdade outorgada às criaturas, o pecado foi concebido: o
Evangelho emite uma má notícia antes da boa, pois todos pecamos e somos
pecadores;
· Se o centro da boa
notícia é a centralidade da cruz e da ressurreição, isto é, Cristo e sua obra
redentora e não o ser humano ou os próprios beneficios de uma vida abençoada;
· Se neste Evangelho
todo ser humano pode ser incluído por meio do arrependimento e fé genuínas.
Que Deus nos ajude a compreender e viver o verdadeiro
Evangelho e a responder a razão de nossa esperança a cada dia em nosso
ministério. E nos capacite a ensinarmos as gerações seguintes a fazer o mesmo.
Que Deus nos ajude a não sermos enganados por doutrinas de demonios nem por
falsos evangelistas disfarçados de anjos de luz; mas nos dê a graça e a
capacitação para desenvolvermos nossas convicções à luz das Escrituras muito
mais que os modismos e tendências das personalidades religiosas que gostamos.
Podemos começar tudo isso seguindo o conselho de Paulo: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie
outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anatema” (Gl 1.8).
A Deus toda a glória.
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