“Não deixemos de reunirmos como igreja, segundo o costume de alguns, mas procuremos encorajar-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês vêem que se aproxima o Dia" (Hebreus 10.25).
Enquanto não chegamos ao clímax da Salvação, consumação da história e chegada da realidade da ressurreição e ainda confinados ao aqui e agora (embora já com a expectativa da eternidade), o misterioso, eloqüente e sábio escritor do livro de Hebreus faz um comentário acerca da vida em comunidade; comunidade de Jesus identificada na história. Ele dá dois conselhos.
O primeiro é negativo, diz algo que não devemos fazer. Não devemos deixar de nos reunir entre irmãos. O texto não faz alusão ao simples fato de não ir ao culto ou reunião principal, pois poderiam existir idosos no grupo de crentes com dificuldades de locomoção e não pudessem estar congregados. Eles poderiam continuar vivendo em comunidade, pois os demais discípulos ou encarregados dos doentes “viriam” até eles. O recado bíblico é direcionado para os cristãos que estavam deixando de participar da vida em comunidade, vivendo uma espiritualidade solitária, sectária e narcísica.
O segundo conselho é afirmativo, algo que devemos fazer. Devemos procurar o encorajamento mútuo. A palavra grega utilizada para encorajamento é a mesma que traduz a obra do Espírito Santo como consolador ou fortalecedor (parakletos, parakaleo). A idéia da exortação é de alguém que está ao lado de outro para consolo, fortalecimento e ânimo. Significa que devemos estar juntos, próximos e interessados uns nos outros.
A igreja é a comunidade terapêutica do Espírito Santo. Nela, cada pessoa precisa de uma terapia diferente, direcionada às suas necessidades. Mas a ordem bíblica é a mesma: precisamos estar juntos. Dizer não ao abandono, ao sectarismo, ao individualismo. Rejeitar aquela força inerte (chamado pecado) que vez ou outra nos torna ausentes da vida em comunidade. Rejeitar aquela voz (a voz do diabo) que insiste em tornar-nos melhor do que os outros e escolher uma comunidade de acordo com nossos ideais, não conforme a realidade.
Devemos dizer sim à proximidade entre os irmãos. Tirar os empecilhos que impedem nossa participação uns na vida dos outros. Lançar fora os preconceitos (até mesmo as divergências teóricas da fé) e identificar-nos pelo amor e serviço (Jo 13.35). Assim, estaremos liberando poder terapêutico do Espírito através dos nossos relacionamentos, a saber, consolo e força para prosseguirmos na caminhada até o grande Dia do Encontro e ressurreição.
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