terça-feira, 10 de abril de 2012

Uma parábola da salvação


Quando lemos os Evangelhos e nos aproximamos de uma visão geral dos sofrimentos e morte de Jesus encontramos três personagens envolvidos diretamente com a cruz de Cristo até sua morte e crucificação: Barrabás, Simão de Cirene e, antes deles, Judas Iscariotes. Esses personagens nos servem como uma parábola da nossa própria experiência de salvação em Cristo.

Os evangelistas mostram claramente o desenrolar do plano de Judas para trair Jesus. Poderíamos conjeturar sobre as motivações que o levaram a isso. Uma delas seria sua indignação por Jesus ter aceito que Maria utilizasse um perfume caríssimo para ungir Jesus e o dinheiro nao foi contabilizado no caixa apostólico (Judas era o tesoureiro). O evangelista João diz que ele era ladrão, pois tirava para si do caixa que sustentava as viagens dos discípulos. Seu amor ao dinheiro o levou a trair Jesus. Ele deve ter ido aos sacerdotes recuperar parte do valor ao "vender" Jesus, em Marcos 14.10.

Judas estava familiarizado com o local onde Jesus estava, o jardim Getsêmani. O sinal combinado previamente era um beijo no rosto de Jesus. Jesus, porém, se colocou à disposição das autoridades; sabia que não tinha outra alternativa senão a cruz. Jesus é traído por Judas e está pronto para o desenrolar do drama. Por trás do drama humano, a Bíblia reforça que isso fizera parte do propósito eterno de Deus em nos salvar pelo sacrifício vicário de Cristo na cruz.

Sabemos sobre Barrabás somente o que lemos nos Evangelhos. Porém, todos os evangelistas contam sua historia. Parece que ele foi um criminoso famoso, participante de uma insurreição de militantes judeus contra o governo romano. É destacado na Bíblia que ele era assassino. Poderíamos dizer que era um terrorista no corredor da morte, esperando sua execução. Imagine seus olhos ofuscados pela luz daquele dia ao sair da prisão escura e receber sua liberdade, às custas de Jesus, pregado na cruz entre dois criminosos.

O plano de Pilatos ao sugerir que a multidão escolhesse Jesus - era costume soltar um preso na Páscoa - foi frustrado. Barrabás foi solto. Jesus, condenado. Talvez Barrabás até pensou que fora uma troca injusta: um assassino, por um santo pregador e curador. Pedro em seu sermão afirmou que a multidão preferiu dar liberdade a um assassino e mataram o autor da vida, em Atos 3.14,15. Será que Barrabás seguiu a multidao e assistiu in locu a crucificação? Se sim, certamente, ele sentiu o que foi Jesus morrer em seu lugar.

A caminho do Gólgota Jesus deveria estar esgotado. Ele deveria levar sua cruz até o lugar de execução, como qualquer prisioneiro sentenciado à pena capital. A tradição cristã (não a Bíblia) menciona que ele deve ter tropeçado. Talvez isso explique por que os soldados lançaram mão de Simão transferindo a cruz de Cristo para ele e forçando-o a levá-la.

Este Simão Cirineu pode ser aquele que se converteu a Cristo e é identificado como pai de Alexandre e Rufo, conforme Marcos 15.21; mais tarde, Paulo cita o nome de Rufo, em Romanos 16.13. Poderia ser o mesmo Simão, chamado Negro, líder da igreja gentílica de Antioquia da Síria, em Atos 13.1. Tudo indica que o homem que ajudou Jesus a carregar a cruz era um africano da região da Líbia.

Ao refletir sobre esses três atores do drama da cruz podemos dizer que Judas causou a cruz. Barrabás escapou da cruz, ganhando sua liberdade (injusta) às custas do homem santo. Simão, carregou a cruz, fazendo isto por Jesus. Estes três personagens são compatíveis com a experiencia cristã de hoje: como Judas, temos causado a cruz por meio de nosso pecado; como Barrabás, escapamos da cruz por meio de Jesus morto em nosso lugar; como Simão, somos chamados a tomar a nossa cruz todos os dias e seguir os passos do Mestre.

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