domingo, 15 de abril de 2012

Devo ou não mudar de igreja local ou ministério?

“Que direito você teria para mudar de igreja?”. Ainda me lembro de ouvir essa questão sendo perguntada pelo meu professor de eclesiologia do seminário. É uma boa pergunta, uma que nos beneficiaria responder. E como Kevin DeYoung recentemente falou em seu blog, há um mandato bíblico e há razões práticas para se comprometer com a membresia de uma igreja local. Tendo firmado esse compromisso, sair dele não deve ser feito de qualquer forma. Claro que existem, sim, razões para deixar uma igreja local. Mas quais são elas? Tenho pensado sobre isso nos últimos dez anos e aqui está a minha tentativa de responder essa pergunta:

Boas razões para se mudar – Os quatro P’s 
1. Mudança Providencial – se o meu trabalho, família ou vida me fez sair do Rio de Janeiro para morar em Niterói e eu provavelmente deveria procurar uma nova igreja local em Niterói, quanto mais se eu me mudasse de Porto Alegre para Recife. É bom e correto pertencer a uma igreja local em compromisso com irmãos e irmãs em minha própria “vizinhança”.

2. Plantação de uma nova igreja – Talvez eu não tenha mudado de cidade, mas talvez a igreja a qual eu pertenço decidiu me enviar junto com outros para plantar uma nova igreja em determinada área. Note porém que eu estou sendo enviado pela minha igreja, não saindo com um grupo porque estou insatisfeito ou acho que é melhor para nós.

3. A Pureza se perdeu – Isso pode ocorrer de várias formas, mas normalmente acontece quando a Palavra não é mais pregada. Pode ser o ensino de heresias, a falta de leitura ou pregação da Bíblia ou alguma manifestação mais proeminente do pensamento moderno de que a Palavra não é mais vista como suficiente; é usada como um tempero para a mensagem da semana ao invés da dieta pela qual a congregação é alimentada e suprida. Entretanto, devemos tomar cuidado aqui; a paciência deve sempre ser exercitada e eu devo sempre sondar meu coração para saber se não estou “fazendo tempestade em copo d’água”.

4. A Paz da igreja está ameaça pela minha presença – É difícil sugerir essa “razão” por medo de que abusem dela, por ser a “razão” mais subjetiva. Porém, há casos em que um indivíduo ou uma família podem se tornar um estorvo para o ministério da igreja local, e o melhor é que o indivíduo/ a família se mudem. Se essa é a razão que me faz pensar em mudar de igreja, então preciso refletir e discernir se é por causa de pecados que eu mesmo tenho cometido. Se esse for o caso, então preciso me arrepender prontamente, ao invés de querer me mudar. Essa “razão” deve sempre ser pensada com muito cuidado.

Possíveis razões para se mudar – Os três E’s 
1. Esposa - Uma esposa (ou esposo) não crente ou que não freqüenta a igreja não deseja fazer parte dessa igreja, mas tem vontade de freqüentar uma outra com você.

2. Necessidades Especiais – Toda família tem necessidades especiais, então isso deve ser pensado com cuidado. Um exemplo é uma família que tem um filho deficiente e uma outra igreja local tem um grande ministério com deficientes que pode nos ajudar.

3. Dons Especiais – Alguma outra igreja local da área talvez tenha pedido que você use seus dons e talentos especiais em seus cultos para edificação do corpo (tocador de órgão, por exemplo). Nunca decida sobre isso sozinho. Se essa é uma razão que te faz pensar em mudar de igreja, facilmente você pensará muito bem de si mesmo e correrá para a grama mais verde. Isso é algo que sempre deve ser levado à liderança da sua igreja atual e pensado em conjunto.

Razões comuns que são insuficientes 
1. Ministério Infantil – O ministério infantil da outra igreja é melhor. Isso não deve ser a razão para se mudar de igreja. Deve ser uma oportunidade para você se envolver no ministério infantil da sua igreja.

2. Tendência – Muitas pessoas irão para qualquer igreja da cidade que estiver “na moda”. O argumento será que o Espírito está trabalhando lá e que queremos ser parte disso. Mas tendências vem e vão. Assim como as pessoas que as seguem.

3. Grupo Jovem – A infelicidade de nossos adolescentes com o Grupo Jovem por falta de atividades ou dos outros jovens e etc. não deve ser uma razão para deixar a igreja com a qual estamos compromissados. Eu sei que esse tópico é controverso. Acredite, eu sei como é isso, por ser pai e por ter sido pastor de jovens. Os nossos filhos não são os responsáveis espirituais de nossos lares. Eles não devem escolher a igreja que freqüentamos por causa de seu status social ou círculo de amizades.

4. A igreja mudou – Igrejas sempre mudam. A não ser que as mudanças sejam anti-bíblicas, não temos porquê sair por causa disso. Nós não partimos quando nossa esposa ou marido muda! Ainda assim, somos muito rápidos para fazer isso com a igreja com a qual nos comprometemos.

5. Novo pastor – Um novo pastor não é razão suficiente para mudar de igreja. Não importa o quão rígido, impessoal, sem graça e etc. ele seja. Essa lista não tem fim. Não importa nem se ele não é o melhor dos pregadores. Ele é o homem que Deus chamou para essa igreja para esses tempos. E essa é a sua igreja. Novamente: se ele não é anti-bíblico, por que mudar? Você não se comprometeu com um homem, mas com um corpo.

6. Não estou sendo ministrado – Eu digo para todos da nossa classe de novos membros: “Se todos nós entrássemos na igreja toda semana e tivéssemos uma lista de pessoas que tentaremos ‘tocar’, encorajar ou ministrar, você imagina o quanto nossa igreja seria dinâmica? Isso apenas nas manhãs de Domingo. Imagina se fosse durante toda a semana”. Imagine se todos nós estivéssemos preocupados com os outros e fôssemos à igreja todos os Domingos com isso em mente ao invés de “Por que ele não falou comigo?”, “Por que ninguém se importa comigo?” ou “Por que ninguém está ministrando na minha vida?”. Comece a ministrar na vida dos outros e você verá que também está sendo ministrado.

7 . Música – Não é razão – seja ela lenta, rápida, tradicional, contemporânea, salmos, hinos ou músicas novas. Pare de usar isso como desculpa!

8. Existem várias outras… Nem falei sobre “o culto começa muito cedo”, “o café é horrível” ou “o pastor não sabe como descascar milho”. Sim… Todas essas são frases verídicas que eu já ouvi.

Texto da autoria de Jason Halopoulos e traduzido por Filipe Schulz | iPródigo.com
http://iprodigo.com/traducoes/boas-razoes-para-se-mudar.html

4 comentários:

Anne disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anne disse...

Oi, Igor,
Achei muito interessante o seu texto e certamente foi muito útil para reflexão própria e também será para aconselhar pessoas próximas.

Eu gostaria de levantar mais alguns argumentos em relação a um ponto específico que você destacou sobre mudança de igreja. Tenho escutado repetidamente esses argumentos e não acho que sejam "meras desculpas".

Vamos lá. Creio que seguir a proposta de que nos unamos a uma igreja local para que suportemos uns aos outros em comunhão com Deus e com nossos irmãos seja essencial para nossa vida cristã. Mas, tenho observado, que, em grandes igrejas, essa comunhão, tanto com Deus, quanto com os irmãos, anda prejudicada.

Em primeiro lugar porque a igreja não tem controle da entrada e saída de pessoas. Em segundo lugar, porque as pessoas que entram e saem da igreja não acham que devam dar satisfações de suas atividades. Em terceiro lugar porque, nem as pessoas se envolvem com ministérios, nem a igreja (na maioria das vezes) busca o envolvimento dessas pessoas.

Algumas igrejas tentaram resolver isso com grupos de células. Sinceramente não sei sobre o grau de êxito que isso tem. O que tenho observado é que a maioria das pessoas que frequentam uma grande igreja não frequenta célula.

Dessa forma, me sinto impelida a discordar um pouco de você. Acho que um argumento como "não me sinto ministrado" é um argumento forte. Talvez não para sair da igreja imediatamente, até porque esse impulso de ficar pulando de igreja em igreja é algo destrutivo, tanto para a igreja quanto para o cristão. Mas é um bom argumento para, inicialmente, ir atrás de um ministério, de um grupo de células, talvez, e, posteriormente, se analisar a possibilidade de sair da igreja, caso o problema não seja resolvido (claro, levando-se em conta todas as variáveis e discutindo-as com o (s) pastor (es) da igreja).

Agora, no seu texto anterior, “A composição da igreja local”, me parece que você não caracterizaria essas pessoas como ‘membros’ da igreja local, mas como ‘frequentadoras’, já que a maioria das pessoas que dá uma ‘desculpa’ como essa é alguém que não assumiu “compromissos com outros cristãos, formando relacionamentos e vínculos mútuos (...)”, compartilhando “o amor através do serviço abnegado ao próximo” (citando as suas palavras).

Assim, vejo que temos um grande problema na maioria das grandes igrejas já que a esmagadora maioria da membresia não se encaixa nessa caracterização (não quero, com isso, dar a entender que eu discorde da sua caracterização, meu ponto é outro e você já vai entender).

Considerando todos esses fatores, se os ‘frequentadores’ não se sentem ministrados e querem mudar de igreja, a nossa posição, enquanto igreja local, seria a de aconselhá-los a se fixarem em uma igreja local, de preferência a que já estão frequentado. No entanto, o meu questionamento é: qual é a nossa responsabilidade, enquanto igreja, por aqueles que não querem se fixar? Não podemos ignorar o fato de que os frequentadores são um fenômeno à parte nas grandes igrejas. Eles aparecem em número muito grande. Como lidar com eles?

Bárbara disse...

Boa pergunta!! Estou muito preocupada com isto.

Bárbara disse...

Boa pergunta!! Estou muito preocupada com isto.

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